Crise em Cuba: relato de Angela, líder cristã em 2024.
Aqueles que seguem Jesus são tratados como ameaça pelo regime cubano.
Durante uma vídeo chamada, Angela, líder cristã e voluntária da Portas Abertas em Cuba, relatou a grave situação no país: “O povo cubano não aguenta mais essa situação”. Cuba enfrenta uma intensa crise econômica e social, com a fome atingindo níveis extremos, fazendo com que as pessoas fiquem mais de 20 horas sem comer. Os preços dos serviços essenciais continuam a subir, enquanto itens de necessidade estão em falta.
Angela, que mora na ilha com o marido e a filha, conta: “Eu pensava que a situação estava ruim há alguns meses, mas não imaginava que se tornaria pior”. Ela trabalha apoiando a igreja local em Cuba. Outro cristão reforça a gravidade da crise: “A distribuição de alimentos é cada vez mais racionada. Se há um membro com problemas de saúde, eles recebem um certificado para comida extra e leite. Mas, hoje, essa provisão acabou, tanto adultos quanto crianças ficam sem a nutrição básica”.
Angela também lembra: “Quando era criança, me disseram que eu só podia tomar leite de manhã. Agora, eles não dão mais para as crianças. Não há mais leite, carne, nada. É ainda pior para as mulheres grávidas, elas não recebem a ajuda de que precisam”.
A crise é agravada pelas opções limitadas de compras. As poucas lojas existentes têm preços exorbitantes e alimentos cada vez mais escassos. Após os protestos massivos contra o governo em julho de 2021, uma nova lei proibiu manifestações nas redes sociais. “Em caso de desobediência, as punições envolvem prisões e outras violações dos Direitos Humanos. Tudo para evitar que a mídia internacional comente os protestos”, explica Angela.
Os cristãos enfrentam um contexto particularmente difícil, sendo vistos como ameaças ao regime, o que resulta em intensa vigilância. “Quando estou no aeroporto, tenho medo de ser interrogada. Um amigo meu foi questionado apenas por curtir uma notícia nas redes sociais”, revela Angela.
Atualmente, Cuba ocupa a posição mais alta da América Latina entre os 50 países da Lista Mundial da Perseguição 2024, onde é mais difícil ser cristão. Contudo, a presença de cristãos como Angela traz esperança. Ela ajudou a Portas Abertas a entregar 270 cestas de alimentos para 872 pessoas necessitadas no ano passado. “Sabemos que não é suficiente para suprir a escassez de alimentos na ilha, mas é um começo. Oramos para que Deus fortaleça e sustente cada pessoa que enfrenta grande necessidade”, conclui Angela.